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A Educação traz consigo inúmeros questionamentos e angustias que aos poucos e com muito cuidado vão sendo solucionadas. A Geografia vem nessa perspectiva de aguçar as discussões educacionais, fortalecendo laços entre o espaço escolar, a criticidade e a vivencia, criando diálogos que enriquecem o cotidiano, formando sujeitos capazes na argumentação critica e reflexiva da sociedade contemporânea. O blogger tem como objetivo apresentar ao aluno discussões geográficas, expor atividades desenvolvidas e interagir de modo pedagógico. Sejam bem vindos!

Textos


O professor e a tecnologia digital na sua prática educativa


Cristina Rörig[1]

Luciana Backes[2]


Resumo: O presente artigo trata sobre o papel do professor na construção do processo educativo para a eficácia do ensino/aprendizagem. Há uma abordagem referente ao professor inserido no processo educativo, ao uso das tecnologias digitais e à relação entre o professor e as tecnologias.

Palavras-chave: Educação, tecnologia, prática pedagógica, formação do professor.

Abstract: This article is about the teacher position in the construction of the educational process to the teaching/learning efficaciousness. There is a reference to the teacher in the educative process, to the use of digital technologies and to the relationship between the teacher and technology.

Key words: Education, technology, pedagogical practice, and teacher training.


1. Introdução

A educação, como se observa no momento atual, está sofrendo inúmeras mudanças decorrentes da reorganização econômica mundial. Desta forma, paradigmas educacionais estão se transformando e sendo reconstruídos numa nova visão, num novo ambiente cognitivo que está se estruturando. Porém é relevante mencionar que estas modificações nem sempre beneficiam a todos, porque estão vinculadas à postura de quem está estruturando a proposta educacional - instituições, professores, comunidade.

Dentro desse novo panorama, importante, sem sombra de dúvida, é a questão da prática educativa, da postura do professor, do seu posicionamento frente à tecnologia digital em uso na educação. Essas são questões que determinam a eficácia do processo de construção do conhecimento. Processo este em que a interação entre sujeito e objeto se constitui de forma dialética, assim sendo, o ensinante é também o aprendente.

A aprendizagem supõe pelo menos dois componentes interligados: o primeiro, é o esforço reconstrutivo pessoal do aluno; o segundo, é uma ambiência humana favorável, onde se destaca o papel maiêutico do professor”.(DEMO, P., p.167).

O aprendiz é quem irá desenvolver seu processo de aprendizagem, mas este não é somente individual, e sim, social, o que leva a reforçar a importância da figura do professor, como mediador, para que ocorra a aprendizagem.


aluno
 
Assim sendo, no processo educativo, é possível estruturar um tripé entre aluno, professor e tecnologia, conforme o esquema:


professor
 
tecnologia
 
 









Com este esquema, podem ser estabelecidas relações para a efetivação de uma aprendizagem que atinja a excelência na construção do conhecimento, o que será tema de discussão desse texto.


2. O papel do professor no processo educativo

As políticas sociais vêm transformando as relações de trabalho, através da inserção das tecnologias digitais, de forma significativa no cotidiano dos profissionais de todas as áreas. Impulsionado pelos avanços tecnológicos, o professor modifica sua prática pedagógica, utilizando-se de ferramentas que não tem conhecimento, em nome do valor dado ao acesso rápido e estratégico de informações.

Com relação à prática pedagógica, por mais que a educação se transforme com um emprego de novas metodologias e tecnologias, o professor, através da sua postura e do seu conhecimento, é quem efetiva a utilização desse aparato tecnológico e científico. Dessa forma, redimensiona o seu papel, deixando de ser o transmissor de conhecimento para ser o estimulador. “O professor se transforma agora no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informação mais relevante”.(Moran, 1995).

Ao estruturar sua proposta pedagógica, utilizando tecnologia digital, o professor precisa estabelecer vínculos com os alunos, conhecer seus interesses, saber o que o aluno já sabe, o que o aluno não sabe e o que ele gostaria de saber. Motivar o aluno a fazer parte da proposta pedagógica, colocando-o a par sobre o que será abordado e convidando-o a contribuir. "Os alunos captam se o professor gosta de ensinar e principalmente se gosta deles e isso facilita a sua prontidão para aprender”.(Moran, 2000).

O professor detém um lugar de destaque na aprendizagem porque possui uma formação específica, sendo legitimado por sua formação acadêmica para trabalhar nessa área. Para que a atuação do professor seja satisfatória, ele necessita estar constantemente se atualizando e estudando sempre. A formação continuada do profissional é processo constante, permitindo a análise da teoria na prática, além de desenvolver o senso reflexivo sobre a sua atuação. Porém, a realidade, nem sempre, proporciona isso devido à pequena disponibilidade de tempo ou à distância, o que vem sendo resolvido com os cursos a distância.

Segundo Pedro Demo, 1998, o professor moderno apresenta, ou deveria apresentar, algumas características a comentar.

O professor deve ser um pesquisador, assumindo um compromisso com o questionamento reconstrutivo a fim de ultrapassar a simples socialização do conhecimento. Para tanto, é fundamental a consciência crítica, o questionamento para a construção ou para a realização de intervenção alternativa. O professor ao estruturar o planejamento da sua aula e ao utilizar novas técnicas estará experimentando outras propostas pedagógicas, qualificando o processo de ensino aprendizagem.

A realidade mostra um quadro um pouco diferente. Para pesquisar é necessários tempo, e o professor, que se encontra em sala de aula, por vezes com uma sobrecarga de trabalho, não encontra este tempo para a pesquisa, para criar novas propostas de aula.

Outro fator importante da prática pedagógica é a faculdade do professor elaborar por si próprio seu material como marca de teor emancipatório e de autonomia, fundamentado teoricamente. A experiência pela experiência leva a um caminho perigoso, o do “achismo”. O professor acha que o seu aluno está aprendendo sem fazer uma avaliação teórica da situação.

O acesso a Internet é uma ferramenta que pode facilitar na inovação de propostas pedagógicas alternativas, bem como no contato com o conhecimento de ponta para poder comparar e avaliar as propostas. Isso se faz possível, uma vez que as escolas se encontram equipadas tecnologicamente.

A teorização da prática faz parte da atuação pedagógica. Com o confronto entre teoria e prática, surge uma relação dialética que garante um processo construtivo da aprendizagem. “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”.(Freire, P., 1998, p.24).

O professor também necessita de atualização permanente, buscar sempre informações, saber o que está acontecendo, estar consciente da relação entre os diferentes saberes. Saber somente sobre a sua área de atuação não é mais suficiente para atender as necessidades dos alunos. Isto não quer dizer que o professor precise saber tudo, mas sim, saber o que o aluno quer conhecer. O processo educativo precisa estar vinculado ao contexto social, em que o sujeito - aluno - está inserido. Isso irá implicar em conhecer e usar instrumentação eletrônica, bem como outros recursos pedagógicos.

Uma questão que envolve a prática educativa relaciona-se com a avaliação, sendo necessário que o professor reveja sua teoria e prática dessa etapa. A avaliação permite acompanhar o aluno e verificar o seu processo de aprendizagem, para dar continuidade na construção do conhecimento através de propostas específicas. Portanto, ela exige do professor dedicação e sensibilidade.

Antes de falar sobre o professor frente ao uso da tecnologia digital na educação, faz-se necessário uma pequena explanação sobre estas tecnologias, como propostas metodológicas e como ferramentas de aprendizagem.


3. O uso da tecnologia digital

Dentro desse novo panorama, importante, sem sombra de dúvidas, é a questão da possibilidade de uso do computador, da informática, pelo professor na educação, sendo o computador uma forma de mídia educacional em que a abordagem pedagógica é auxiliada por esta ferramenta.

Através do computador, é possível repassar a informação para ser processada em conhecimento com a criação de ambientes de aprendizagem e a facilitação do processo do desenvolvimento intelectual do aluno.

O professor tem a sua disposição uma série de ferramentas, que podem ser utilizadas através do computador, como as listadas abaixo, que possibilitam a incrementação de sua prática pedagógica:

- Teleconferência: a teleconferência permite que um especialista esteja em contato com telespectadores das mais diversas e distantes regiões do mundo, esta atividade permite que informações e experiências sejam transmitidas, reforçando-se o aspecto do ensino. Para que haja um processo de aprendizagem, essa técnica deve ser precedida de estudos sobre o tema, com um preparo prévio da conferência para a realização de um debate e não um monólogo. Outro ponto é a necessidade da continuidade da atividade que se integra a uma teleconferência, esta não pode ser um acontecimento isolado.

- Videoconferência: a videoconferência possibilita o encontro de várias pessoas, localizadas em espaços diferentes. Através da videoconferência as pessoas podem trocar áudio, vídeo, trabalhar juntas através dos recursos de compartilhamento e construir esquemas ou gráficos no quadro de comunicação.

- Chat ou bate-papo: funciona como uma técnica de brain storm, momento em que todos os participantes interagem sincronicamente, expressando suas idéias de forma livre. Permite conhecer as manifestações expontâneas dos participantes sobre determinado tema, possibilita uma discussão mais profunda e motiva o grupo para um assunto. Esta técnica acontece numa velocidade surpreendente, podendo haver a manifestação simultânea de todos, o que requer um acompanhamento do professor orientando a atividade e também tomando cuidado para não entrar a todo o momento nas manifestações.

-Listas de discussão: cria online grupos de pessoas que debatem sobre um assunto que tenham interesse. O objetivo da lista é avançar os conhecimentos, as informações e experiências, para trabalhar as idéias iniciais. As listas de discussão exigem um tempo maior para o preparo dos textos a serem colocados na lista. Trata-se de uma reflexão contínua, de um debate fundamentado de idéias. Não se fecha o assunto, e como funciona não necessariamente online simultaneamente, exige tempo para ser realizada. As listas são criadas utilizando-se o correio eletrônico.

- Correio eletrônico – e-mail: este recurso permite a interação aluno/professor - aluno/aluno, sustentando a continuidade do processo de aprendizagem através do atendimento a um pedido de orientação, ou o professor pode se comunicar com todos os seus alunos (ou com algum em particular) durante o espaço entre uma aula e outra. Coloca os alunos em contato direto, favorecendo a troca de materiais, a produção de textos em conjunto, agilizando a comunicação.

- Internet: é um recurso dinâmico, atraente, atualizado, de fácil acesso, que permite a transmissão de som e imagem em tempo real. Além das facilidades interativas, através da Internet, tem-se acesso ao conhecimento de ponta, bem como o acesso a bibliotecas do mundo todo. Com a Intenet, aprende-se a ler, buscar informações, pesquisar, comparar dados...

- Softwares educacionais: estes recursos disponibilizam informações e orientações de trabalho para os usuários mais facilmente, pois se apresentam de forma integrada. Devem funcionar como incentivadores e interativos das atividades de aprendizagem.

A utilização da ferramenta e da metodologia, sem uma proposta coerente, não garante a eficácia na construção do conhecimento. O professor estará apenas reproduzindo os modelos tradicionais. O avanço tecnológico consiste na relação estabelecida entre o professor e o uso da ferramenta.


4. Relação entre o professor e as novas tecnologias

Para a construção do conhecimento do aluno atual, o professor assume o papel do mediador e orientador, que pode ser designado não somente ao professor, como também a um outro sujeito com maior conhecimento sobre o assunto desenvolvido.

O professor, com o uso das novas tecnologias em sala de aula, pode se tornar um orientador do processo de aprendizagem, trabalhando de maneira equilibrada a orientação intelectual, a emocional e a gerencial. (Moran, J., 2000).

Os professores, muitas vezes, procuram acompanhar as mudanças pedagógicas que vêm ocorrendo. Porém, não conseguem exercer o seu papel no processo educativo. É imprescindível a reconstrução desse papel de reprodutor para transformador.

O professor tem a finalidade de equilibrar a participação dos alunos nos aspectos qualitativos (nível de colocações e concepções trazidas à cerca do tema proposto) e quantitativo (não controlador, mas de observador sobre as causas da não participação). O professor então, assume um papel de mediador da interação entre os sujeitos, tencionando o processo de construção do conhecimento desses sujeitos. Neste processo os alunos se conscientizam dos diferentes tempos e espaços da construção do seu conhecimento, através da autonomia.

Mesmo que o processo educativo esteja atrelado ao professor, este precisa ter claro que a sua proposta deve estar voltada à aprendizagem do aluno e ao seu desenvolvimento. Através de ações conjuntas direcionadas para a aprendizagem levando em conta incertezas, dúvidas, erros, numa relação de respeito e confiança. As intervenções do mediador precisam estar coerentes com as necessidades e /ou dificuldades dos alunos.

“... o professor que trabalha na educação com a informática há que desenvolver na relação aluno-computador uma mediação pedagógica que se explicite em atitudes que intervenham para promover o pensamento do aluno, implementar seus projetos, compartilhar problemas sem apresentar soluções, ajudando assim o aprendiz a entender, analisar, testar e corrigir erros”.(Masetto, M., p. 171, 2000).

Os alunos provenientes de uma Prática Pedagógica Tradicional não vivenciaram situações de autonomia na construção do seu conhecimento, importante na proposta de ensino. Desta forma há o fortalecimento do papel do mediador no sentido de estar atento e envolvido com a construção.

O professor é a autoridade do espaço designado para a construção do conhecimento, é a pessoa que possui maior conhecimento, estruturou os objetivos e estabeleceu uma metodologia para atingi-los. Porém, não é apropriado ao professor exercer sua autoridade com autoritarismo.


5. Considerações

O professor, assim, como mediador, facilitador do processo de aprendizagem, fazendo uso das ferramentas eletrônicas é quem irá desenvolver em sua prática pedagógica as novas tecnologias de ensino utilizando as tecnologias digitais. Através dessa proposta, o aluno construirá estruturas mentais que darão suporte para o uso da ferramenta tecnologia em qualquer situação.

Porém, observa-se hoje um professor mobilizado por falsos paradigmas com relação à tecnologia e ao seu uso, tanto na sua prática quanto na sua vida cotidiana. A medida em que o professor redimensionar a relação da tecnologia com a apropriação do seu conhecimento, será possível a reconstrução de um novo paradigma.

Pensando no aluno, o professor estrutura uma proposta tecnologicamente avançada, pois a “... construção da autonomia da aprendizagem do aluno também se faz nessa nova relação, quando o aluno aprende sobre o seu aprender”.(Setzer, V., 2000).


6. Referências Bibliográficas

DEMO, Pedro. Questões para Teleducação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. 365p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 7ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998. 159p.

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos T., BEHRENS, Marilda A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000. 133p.

MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Artigo disponível online http://www.eca.usp.br/prof/moran Consultado em 06/02/2001

SETZER, Valdemar W. Uma revisão de argumentos em favor do uso de computadores na educação elementar. Artigo disponível online http://www.ime.usp.br/~vwsetzer Consultado em 30/10/2000.


[1] Professora, Licenciada em Letras Português/Inglês (UNISINOS), cursando especialização em Informática na Educação (UFRGS), crisrori.nho@terra.com.br, <http://www.pgie.ufrgs.br/~crorig>
[2] Pedagoga, Formada em Pedagogia (UNISINOS), cursando especialização em Informática na Educação (UFRGS), luciana@bage.unisinos.br, <http://www.pgie.ufrgs.br/~luciana>